O Brasil é
definitivamente o paraíso dos sacos plásticos. Todos os supermercados, farmácias
e boa parte do comércio varejista embalam em saquinhos tudo o que passa pela
caixa registradora. Não importa o tamanho do produto que se tenha à mão,
aguarde a sua vez porque ele será embalado num saquinho plástico. O pior é que
isso já foi incorporado na nossa rotina como algo normal, como se o destino de
cada produto comprado fosse mesmo um saco plástico. Nossa dependência é
tamanha, que quando ele não está disponível, costumamos reagir com reclamações
indignadas.
Quem recusa a
embalagem de plástico é considerado, no mínimo, exótico. O novo material
sintético reduziu os custos dos comerciantes e incrementou a sanha consumista
da civilização moderna. Mas os estragos causados pelo derrame indiscriminado de
plásticos na natureza tornou o consumidor um colaborador passivo de um desastre
ambiental de grandes proporções. Feitos de resina sintética originadas do
petróleo, esses sacos não são biodegradáveis e levam séculos para se decompor
na natureza. Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de
cadeias moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisão quanto
tempo levam para desaparecer no meio natural.
O IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado à Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República, divulgou no último dia
25/4/2012 um diagnóstico da situação dos resíduos sólidos urbanos no Brasil.
Esse levantamento faz parte da
elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, exigido pela Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Os principais
resultados do levantamento são:
• A parcela de material
reciclável (metais, plásticos, papéis, vidros) constitui 31,9% dos resíduos no
Brasil;
• A parcela de matéria orgânica,
passível de compostagem ou biodegradação para geração de energia, constitui
51,4% do total dos resíduos;
• Apenas 18% dos municípios
brasileiros possuem programas oficiais de coleta seletiva;
• A maior parte da coleta
seletiva é feita nas próprias empresas (pré-consumo) ou através da coleta pós-consumo
informal (catadores). Apenas 0,7% dos metais reciclados são coletados por
programas oficiais de coleta seletiva. Para os plásticos, esse número sobe para
17.7%;
• Apenas 1,6% dos resíduos
orgânicos coletados são encaminhados para compostagem;
• Ainda existem no Brasil 2906
lixões, distribuídos em 2.810 municípios. Esses deverão ser erradicados até
2014, conforme a PNRS. A maior presença é na região nordeste onde 89,1% dos
municípios possuem lixões. A melhor situação é no sul do país com 15,3%;
• 90% dos resíduos coletados são
destinados no solo (aterros sanitários, aterros controlados ou lixões). 10% são
enviados a usinas de triagem/ reciclagem, compostagem, incineradores e outras
formas de destinação.
• Dos resíduos destinados no
solo, 20,3% vão para lixões, 19,9% para aterros controlados e 59,8% para
aterros sanitários;
• Há hoje no Brasil entre 400.000
e 600.000 catadores de materiais recicláveis. Cerca de 1.100 organizações
coletivas de catadores estão em funcionamento no país.