Para onde vai
o seu celular, televisor ou câmera digital quando parar de funcionar ou for
substituído por um modelo novo? Se a resposta for “lixeira eletrônica”,
parabéns. Você é um dos poucos que contribuem para a redução do problema do
lixo eletrônico no planeta.
Todos os anos,
40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidas no mundo. São computadores,
DVDs, geladeiras, pilhas e outra infinidade de produtos eletroeletrônicos que
estão presentes de forma cada dia mais definitivos em nossas vidas, mas que não
recebem a atenção adequada após sua vida útil.
O tema tem
tomado proporções tão alarmantes que a Organização das Nações Unidas (ONU)
publicou um relatório sobre a situação desse lixo nos países, especialmente os
em desenvolvimento. O relatório, divulgado no dia 22 de fevereiro, indica que a
venda de produtos eletrônicos vai aumentar de forma significativa nos próximos
10 anos em países como China e Índia e nos continentes da África e América
Latina.
O
diretor-geral do Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (Pnuma), Achim
Steiner, disse na cerimônia de lançamento do relatório que é urgente criar
sistemas mais eficazes de coleta e gestão de lixo eletrônico nesses países,
onde o descarte deverá aumentar entre 400% e 500% até 2020, em comparações aos
níveis de 2007.
O estudo
aponta ainda que o Brasil é o mercado emergente que gera o maior volume de lixo
eletrônico per capita a cada ano e advertiu que o país não tem nem estratégia
para lidar com o fenômeno. Por ano, o Brasil abandona 96,8 mil toneladas
métricas de PCs, o equivalente a meio quilo desse lixo eletrônico por
brasileiro.
Perigo silencioso
Apesar do
alerta, muita gente desconhece os riscos em jogar, por exemplo, uma pilha
alcalina no lixo comum. Por conterem grandes quantidades de elementos tóxicos,
como metais pesados (mercúrio, chumbo, cádmio e cromo), gases de efeito estufa,
substâncias halogenadas (como os clorofluorocarbonetos - CFC), o descarte
inadequado desses produtos pode causar consequências graves ao meio ambiente e
à saúde humana.
Uma pilha
jogada no lixo comum, por exemplo, poderá levar séculos para se decompor, já os
metais pesados contidos nela nunca se degradarão. Em contato com a umidade,
água, calor ou outras substâncias químicas, os componentes tóxicos vazam e
contaminam tudo por onde passam: solo, água, plantas e animais.
Com as chuvas,
essas substâncias penetram no solo e chegam às águas subterrâneas, atingindo
córregos e riachos. A água contaminada acaba alcançando a cadeia alimentar
humana por meio da irrigação agrícola ou do consumo direto.
A rede de produtos eletrônicos Best Buy montou
um outdoor utilizando apenas eletrônicos e estimulando a reciclagem desses
produtos. O painel dizia: “Não importa onde você comprou, nós reciclamos.”
Com tantos
riscos, algumas iniciativas já começam a alertar a população para soluções
práticas que podem ajudar a reduzir a quantidade de lixo eletrônico que chega
aos aterros. O programa Papa-Pilhas, realizado pelos bancos Santander e Real,
oferece não apenas aos seus clientes, mas a qualquer cidadão, a oportunidade de
depositar suas pilhas e baterias em postos de coletas espalhados pelas
agências, além de empresas, universidades e outras organizações parceiras.
Somente em
2009, 155,5 toneladas de pilhas, baterias, celulares e carregadores foram
recolhidos nos postos do Santander. O número representou um aumento de 22,49%
no volume de eletrônicos recolhidos pelos postos em comparação ao ano anterior.
Outro exemplo
de iniciativa em destaque é o Programa Descarte Certo. Feito pela empresa
Descarte Certo em parceria com a rede de supermercados Carrefour, o programa
recolhe o lixo diretamente na casa do consumidor e o encaminha para a
recicladora, onde será desmontado e, a depender da peça, reaproveitado ou
descartado corretamente.
O serviço é
realizado mediante o pagamento de uma taxa de acordo com o tipo de resíduo a
ser entregue. Assim, o preço pode variar de R$ 9,00 para o recolhimento de um
aparelho celular, até R$ 139,00 para uma geladeira.
Segundo o
diretor geral do Descarte Certo, Ernesto Watamabe, o pagamento do serviço serve
para cobrir gastos como transporte, gestão do programa e a própria reciclagem
em si. Ele conta que muita gente desconhece o fato de que a reciclagem do lixo
eletrônico é algo complexo e, ao contrario do lixo doméstico, gera custo e não
renda a quem os recolhe.
“As pessoas
geralmente pensam que nós é que temos que pagar pelos resíduos, mas eles não
sabem que o processo de desmontagem é caro e nem todos os componentes podem ser
reaproveitados”, esclareceu Watambe.
Essa falta de
informação torna os desafios do programa ainda maior. “Mesmo as pessoas
ambientalmente responsáveis e conscientes não sabem nem aonde levar seu lixo
eletrônico. Por isso nós temos o desafio de conscientizar a população sobre a
importância dessa reciclagem e servir de ponte entre quem gera o lixo e as
recicladoras”, conclui.
O projeto já
está implantado em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, mas
segundo Watamabe, o objetivo da empresa é expandir a iniciativa para todo o
Brasil.
Outra opção
para facilitar a entrega do lixo eletrônico é o projeto E-lixo maps, feito em
parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e o
Instituto Sergio Motta. Basta o interessado inserir o CEP e o tipo de lixo
eletrônico que precisa ser descartado no site do programa, que um mapa com
todos os locais mais próximos que recebem e reciclam esse tipo de resíduo é
disposto na tela.
Além dessas,
muitas outras iniciativas já estão sendo postas em prática com o objetivo de
reduzir o problema do lixo eletrônico no mundo. Portanto, informe-se e veja o
que você pode fazer para contribuir.
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